Como é a dor do infarto?
Ela pode ser típica ou atípica. A dor típica se apresenta
como uma dor no meio ou à esquerda do peito, tipo aperto,
pressão ou peso, muitas vezes com irradiação para o braço
esquerdo, mandíbula e/ou costas. A dor é desencadeada por
esforço físico, estresse emocional ou após uma refeição
exagerada. A angina do infarto apresenta piora gradual e é
normalmente acompanhada de suores, falta de ar, palidez,
inquietação e por vezes, náuseas e vômitos. Ao contrário da
angina estável, no infarto, a dor dura vários minutos e não
há alívio com repouso.
Entretanto, nos doentes que desenvolvem infarto com uma
apresentação atípica, o diagnóstico torna-se mais difícil.
Isto ocorre mais comumente em idosos, mulheres e diabéticos.
Nesses casos, as apresentações podem ser as mais diversas,
até mesmo sem dor! Nesses casos, geralmente os sintomas se
resumem a cansaço intenso, náuseas ou um desconforto no
peito/abdome. São os pacientes que mais demoram a procurar
atendimento médico e por isso, os que têm mais complicações.
Um fator muito importante no diagnóstico do infarto é a
história clínica do doente. Diabéticos, obesos, pessoas com
mais de 45 anos, hipertensos, com colesterol alto, com
insuficiência renal ou tabagistas apresentam maior risco de
infarto. Qualquer sintoma diferente deve levantar suspeitas
e ser investigado para doença cardíaca. Nestes pacientes o
grau de suspeição deve ser sempre elevado.
Mas como saber se a sua dor no peito é infarto ou não?
Na verdade, não existe uma resposta definitiva. O que os
médicos fazem é avaliar diversas variáveis clínicas como
características da dor, idade e doenças associadas, para
decidir se a dor é de alto ou baixo risco.
Várias doenças, que não são de origem cardíaca, podem se
apresentar como dor no peito:
- Ansiedade e síndrome do pânico
- Dores músculo-esqueléticas
- Gastrite / úlcera gástrica
- Esofagite
- Asma
- Pneumotórax
- Bronquite / enfisema pulmonar
- Câncer de pulmão
- Derrame pleural
- Embolia pulmonar
- Pneumonia
- Aneurisma de aorta
- Refluxo gastro-esofágico
- Pancreatite
Entre as doenças cardíacas, as principais que podem se
apresentar como dor no peito:
- Pericardite (inflamação do pericárdio, membrana que
envolve o coração)
- Endocardite (infecção das válvulas do coração)
- Estenose mitral ou aórtica (aperto da válvula mitral
ou aórtica)
- Arritmias
Imagine que um paciente tem uma obstrução parcial nas
artérias coronárias. Quando está em repouso nada sente
porque a demanda por sangue está baixa neste momento. Porém,
quando se faz um esforço físico, os batimentos cardíacos
aceleram e há uma necessidade de aumentar o aporte de sangue
para o coração. Como existe uma obstrução ao fluxo, este
sangue extra não chega na quantidade necessária, e na falta
de sangue e oxigênio, ocorre a isquemia.
Existem 3 tipos de dor anginosa:
- Angina estável : É aquela causada pelo esforço
físico. A obstrução não é grande o suficiente para causar
dor em repouso. A dor dura poucos minutos e alivia alguns
minutos após o repouso.
- Angina instável: É aquela que ocorre com mínimos
esforços ou mesmo em repouso. A obstrução é grande o
suficiente para que o fluxo de sangue seja inferior ao
necessário em situações basais.
- Infarto agudo do miocárdio: É a obstrução total do
fluxo, causando necrose (morte) do tecido e das células
cardíacas que deveriam estar sendo irrigadas pela artéria
obstruída.
Quanto maior a área do coração privada de sangue, mais
extenso e grave é o infarto.
Infartos fulminantes são aqueles onde uma artéria importante
é obstruída, levando a necrose de uma grande área de músculo
cardíaco e como resultado, causando parada cardíaca.
Quais os sinais que indicam outra causa para a dor no
peito?
Toda dor no peito deve ser encarada como potencialmente
grave, porém, algumas características nos fazem pensar em
outras causas que não infarto. Chamamos de dor atípica toda
aquela que não apresenta as características descritas acima.
Uma dor no peito que piora ao toque ou à compressão local, à
rotação do tronco ou à mobilização dos braços costuma
indicar patologias músculo-esqueléticas. Angina é uma dor
que não piora quando se aperta em algum lugar do peito.
Dor que não apresenta relação íntima com esforço físico, ou
seja, não piora ao correr, subir escada ou carregar algum
peso também costuma indicar outra causa.
Dor em queimação, associado a azia e eructações, normalmente
presente há várias semanas e de intensidade leve/moderada,
não associado a esforço físico, costuma indicar patologia
gastro-esofágica.
A presença de febre, tosse com expectoração, chiado no peito
ou piora da dor ao respirar fundo, sugere patologia do
pulmão.
Pessoas jovens e sem fatores de risco, principalmente
mulheres, podem apresentar quadros de ansiedade / pânico,
que se apresentam como dor no peito. Normalmente são pessoas
com problemas pessoais, antecedentes de depressão, que
choram durante a consulta, apresentam tremores nas mãos e
muitos sintomas associados a dor no peito. O doente quando
está infartando se queixa de dor no peito. Nas crises de
ansiedade o paciente se queixa do coração, mas também de
tontura, formigamento na boca, fraqueza nas pernas, dor de
barriga, etc...
Porém, nada impede que pessoas ansiosas, com lesões
musculares, asmáticas ou com gastrite possam infartar. O
ideal é deixar o médico decidir se a dor no peito é
angina/infarto ou não. Isso vale principalmente nas pessoas
que possuam fatores de risco. |